Histórico
A vacina BCG foi desenvolvida entre 1906 e 1919, por Camille Calmette e Albert Guerin no Instituto Pasteur (Paris). Os pesquisadores obtiveram uma cepa atenuada do Mycobacterium bovis (FERNANDES, 2011).
A partir de 1921, a vacina produzida com M. bovis atenuado passou a ser utilizada em humanos, recebendo o nome de BCG (Bacilo Calmette Guerin). A utilização da vacina BCG foi adotada largamente a partir de 1920, incentivada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e United Nations Children’s Fund (Unicef). Em 1974, o Programa Ampliado de Imunizações (PAI) da OMS a incluiu em seu calendário (FERNANDES, 2011).
Estratégias de uso
A OMS preconiza a vacinação de recém-nascidos contra tuberculose, sendo seguida pela maioria dos países como estratégia de prevenção. Alguns países da Europa e os EUA, por terem baixa incidência de tuberculose, não adotam esta recomendação. Suas estratégias consistem na vacinação de apenas grupos de risco, tais como, profissionais da saúde e moradores sem teto, em contraste com a maioria que recomenda a vacinação não apenas de grupos de risco (BRASIL, 2010; PAI, 2011; PEREIRA, 2007).
A vacinação tem por objetivo gerar efeito protetor contra formas graves de tuberculose, como meningite tuberculosa e tuberculose miliar. Estudos experimentais (ensaios clínicos) realizados apresentaram um efeito de proteção acima de 80% para estes tipos de tuberculose (BRASIL, 2010; PEREIRA, 2007).
A estratégia de revacinação é utilizada em alguns países como Japão, Rússia e Hungria. Essa estratégia visa um declínio na incidência de tuberculose pulmonar, uma vez que nestes países foi notado um declínio quatro vezes maior em crianças revacinadas. Porém, o Brasil não utiliza essa política de revacinação da BCG, pois estudos de ensaios clínicos controlados realizados em Salvador e Manaus não apresentaram evidências de proteção garantida, dando suporte à suspensão da revacinação no Brasil (BRASIL, 2010; PEREIRA, 2007).
Perspectivas futuras
Novas linhas de vacinação sendo estudadas, algumas inclusive com resultados promissores em testes de ensaios clínicos de fase I. Possivelmente em um futuro próximo, a vacinação com BCG poderá ser complementada ou substituída com novas vacinas (PEREIRA, 2007; RODRIGUES JÚNIOR, 2004).
Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Brasília, 2010. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_de_recomendacoes_controle_tb_novo.pdf>. Acesso em: 20 out. 2011.
FERNANDES, T. M. D. et al. História [da terapêutica da tuberculose e da BCG]. Disponível em: <http://www.fundoglobaltb.org.br/site/tuberculose/historia.php?Section=3&SubSection=2>. Acesso em: 14. out. 2011.
MENDES, N. F. Vacina contra a Tuberculose. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=24&id_detalhe=1116&tipo_detalhe=s>. Acesso em: 14 out. 2011
PAI, M. et al. The BCG World Atlas: A Database of Global BCG Vaccination Policies and Practices. Disponivel em: <http://www.plosmedicine.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pmed.1001012;jsessionid=3561CB1F8B2D4020A679ACA5F5DE4BB2.ambra02>. Acesso em: 14 out. 2011
PEREIRA, S. M. et al . Vacina BCG contra tuberculose: efeito protetor e políticas de vacinação. Rev. Saúde Pública, São Paulo, 2007 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102007000800009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 14 out. 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000800009.
RODRIGUES JUNIOR, J. M. et al . É possível uma vacina gênica auxiliar no controle da tuberculose?. J. bras. pneumol., São Paulo, v. 30, n. 4, Aug. 2004 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132004000400013&lng=en&nrm=iso>. Acesso: 14 out. 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132004000400013.
Texto original de Renato Mateus Fernandes e Thiago Weller Mitsuo Oyakawa
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